Farmácia Popular 100% Gratuito: Uma análise crítica da nova realidade
A gratuidade total do Programa Farmácia Popular, sem dúvidas, representa um avanço importante na garantia do acesso a medicamentos essenciais para a população brasileira. No entanto, é preciso analisar com cuidado os impactos dessa medida para as farmácias, especialmente para os pequenos e médios estabelecimentos.
A questão da margem de lucro
A inclusão de medicamentos como a dapagliflozina e as fraldas geriátricas na lista de produtos gratuitos levanta um questionamento crucial: a margem de lucro oferecida pelo programa é suficiente para cobrir os custos operacionais das farmácias?
A realidade é que, para muitos estabelecimentos, especialmente os menores, a resposta é não. Em diversas regiões do país, o valor repassado pelo programa não cobre o custo de aquisição desses produtos, o que dirá os custos com funcionários, aluguel, energia, sistema e outros.
Inviabilidade para pequenos e médios
Essa situação cria um paradoxo: enquanto o programa visa ampliar o acesso a medicamentos, ele pode acabar inviabilizando a participação de pequenas e médias farmácias, que são a principal referência em saúde para muitas comunidades, especialmente em áreas mais remotas.
As grandes redes, com maior poder de negociação e capacidade de diluir custos, conseguem operar com margens menores, e até mesmo negativas em alguns casos. Já os pequenos e médios, sem essa mesma capacidade, ficam em desvantagem, impossibilitados de oferecer os medicamentos gratuitos sem comprometer a saúde financeira do negócio.
Impacto para a população
Essa disparidade pode gerar insegurança para a população mais carente, que depende do Farmácia Popular para ter acesso aos medicamentos. Se as farmácias da sua região não conseguirem oferecer os produtos gratuitos, como essas pessoas farão para obter os medicamentos de que precisam?
Além disso, a legislação impede que as farmácias cobrem a diferença do valor do medicamento, o que limita ainda mais as opções para os estabelecimentos e para os pacientes.
O que precisa ser feito?
É urgente que o Ministério da Saúde revise os valores repassados pelo programa, considerando o preço médio de venda dos medicamentos e os custos operacionais das farmácias. A adoção de um modelo de repasse vinculado ao preço de fábrica, seria um passo importante para garantir a sustentabilidade do programa e a participação de todos os estabelecimentos.
O futuro do Farmácia Popular
O Farmácia Popular é um programa essencial para a saúde pública brasileira e para o varejo farmaceutico como um todo. No entanto, para que ele continue cumprindo seu papel, é preciso garantir que ele seja sustentável para todos os participantes, tanto para as farmácias quanto para a população.
A revisão dos valores repassados e a adoção de mecanismos que garantam a viabilidade econômica para todos os estabelecimentos são medidas cruciais para garantir o sucesso do programa a longo prazo.
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